segunda-feira, 28 de julho de 2014

aTeia

se só saudade
digo não mais
se só capricho
nó cego resolve
vale um vintém
que pese tudo
de perto aperta
a rocha arrocha
braço firme forte
mão leve e gentil
prendi a prezada
e o peso do pesar
e apesar de tudo
tendo-a laçada
eu só a venero
pra depois libertar

alex avena

segunda-feira, 21 de julho de 2014

assim seja

noto sempre um ar inóspito
na folhagem seca que cai
como se fosse culpado
por avidamente observá-la
buscando em seu bailar
senso mínimo de direção
algo ao qual pudesse eu
utilizar durante o lapso
que sou, eu só, folha fria
alçando voo ao vento
fincando raízes no céu
querendo tocar o solo
sagrado chão estrelado
onde pisas, Tua morada
(mesmo sabendo ser Tu
o guia que a folha guia
e que a mim também rege)
quero tecer pelos ares
caminho que nos ligue
para quando perdido eu
sem qualquer rumo
te encontre em todo tempo
eu a folha e o vento

alex avena

quarta-feira, 16 de julho de 2014

ilusão

apelo à prece que não fiz
às coisas que não disse
à vida que antes não vivi
de certo a sorte me guiou
e ileso até aqui cheguei
exceto pela certeza do fato
de ter jogado vida e pérolas
aos meus próprios porcos
enquanto recolhia os cacos
de toda incerteza fútil e vã
daquilo que pudera viver

alex avena

quinta-feira, 10 de julho de 2014

mi casa

não cabe ao algoz
opor-se ao seu destino
mas este levará consigo
memórias sombrias de mim
sobre aquilo que vislumbrou
eu, sóbria alma trôpega
só uma vida fugidia e fudida
encarando-lhe a face
oprimindo-o com olhares
sentenciando-o ao infortúnio
sua paga pela falta da habilidade
de um bom perdigueiro português
(encontrou-me sem saber - o coitado).
de bufão nada tenho exceto a arte
já vendi a vida a perder de vista
com prazer ferozmente incomum
recebo em dia o espólio de mim
volte tu, tacanho, no mês que vem
traga um colt (1894) e blue label
porque de mim não roubarás
o tempo, víceras, vícios e virtudes
com esse sorriso amarelo escroto,
cigarros e vinho barato...

alex avena